O ato de BRINCAR pode ser entendido como o “fazer da criança” de duas maneiras: (1) como um meio, um contexto, um processo e (2) como um fim em si mesmo.
No primeiro caso, o brincar é uma atividade capaz de promover um contexto para o desenvolvimento das capacidades para as crianças. Dessa forma, o brincar é considerado útil nos serviços de desenvolvimento das capacidades motoras, cognitivas e sociais para uso futuro e não apenas uma experiência puramente divertida.
Além disso, pode-se inferir um valor educativo e ou terapêutico inerente ao processo de brincar.
No segundo caso, o brincar como um fim em si mesmo, entende-se o brincar como um momento único de diversão da criança sem um outro propósito que não a expressão e a manifestação da criatividade individual. Os componentes básicos deste tipo de brincar são:
Espontaneidade: de iniciar, de mudar ou terminar uma atividade. A Espontaneidade pode levar a uma variabilidade maior das reações comportamentais e ter um impacto na criatividade.
Motivação Intrínseca: para iniciar, criar ou participar de uma atividade. O fato de se estar intrinsecamente motivado requer idéias básicas sobre interação com espaço e objetos. Além disso, os adultos raramente propiciam a oportunidade de expressar sua opinião ou optar entre alternativas.
Suspensão da Realidade: capacidade de se afastar da realidades e de suas conseqüências por um determinado momento. A capacidade de suspender a realidade e entrar em um mundo de faz-de-conta tem um papel importante no desenvolvimento da criança e pode contribuir para a criatividade. A “recreação fantasiosa” pode ser usada para distrair a atenção e para motivar a criança a ficar na atividade, inclusive em casos de intervenção de algum profissional.
Diversão e entretenimento: para aumentar a diversão da criança em uma tarefa, é importante incluir atividades que sejam orientadas ao processo e não ao produto final. A consideração de uma atividade orientada ao processo ou ao produto final é determinada pela própria criança. Por exemplo: para algumas crianças o processo de desenhar é divertido, enquanto que para outras é extremamente exaustivo.
Participação Ativa: tem influência na aprendizagem e no desempenho global da criança. Deve-se levar em consideração os fatores físicos (limitações orgânicas), cognitivos ou sociais de cada criança.
Despertar Enfatizado: o uso de dados sensoriais (táteis, vestibulares, proprioceptivos, etc.) com escovas e balanços, por exemplo, podem ser utilizados para modificar o nível de despertar da criança. Isso tem impacto na atenção da criança e na interação ativa com o ambiente.
O BRINCAR E O DESENVOLVIMENTO INFANTIL
Tomando o brincar de acordo com a primeira definição do tópico anterior (o brincar como um meio e contexto para o desenvolvimento), podemos afirmar que a cada idade, a criança se interessa por diferentes tipos e modalidades de brincadeiras e brinquedos. Isso depende do seu nível de aquisições de habilidades. Além disso, para cada idade, existe um repertório de brincadeiras e brinquedos capazes de estimular a aprendizagem, a aquisição de habilidades e, conseqüentemente, o desenvolvimento global da criança. As habilidades desenvolvidas pela criança referem-se diretamente à sua capacidade e disponibilidade para o brincar.
Bibliografia:
MALUF, A.C.M. Brincar: prazer e aprendizado. 2.ed. Petrópolis: Vozes, 2003.
PARHAM, L.D.; FAZIO, L.S. A Recreação na Terapia Ocupacional Pediátrica. São Paulo: Santos, 2000.